segunda-feira, 9 de março de 2009

Sem título - {Capítulo 4}

Capítulo 4 – Explicações e Reações

“É bom você me devolver o colar depois desta.” Marianna falou com um ar tão descontraído que se impressionou.
“Eu vou, mas só depois do chocolate quente.”
Os dois foram até a lanchonete da faculdade conversando inutilidades e evidentemente se divertindo. Pediram um chocolate quente cada um e sentaram-se na mesa mais isolada do local por escolha de Marianna.
“Certo, já temos o nosso chocolate quente, agora me fale sobre você Lucca...”
“Eu sou do 4º ano, matemática também. Não sei o motivo de gostar tanto desta matéria, mas acho que é porque os números são muito mais simples de se compreender do que qualquer outra coisa. Eu trabalho como plantonista em uma escola, mas não gosto muito dos alunos, se é que você me entende...” ele falou dando um sorrisinho “Para ser sincero acho que não gosto de pessoas também, a não ser...”
“A não ser?” Marianna insistiu.
“Esquece. Continuando... Eu te via todos os por aí e imaginei que gostaria de alguma companhia para variar.” Lucca sorriu tomando um bom gole de chocolate.
“Você tem muita imaginação para um matemático e parece muito novo para estar no 4º ano. Sua boca está inteira suja de chocolate!”
Lucca sorriu passando a língua nos lábios, exatamente como faz uma criança e isso rendeu a ele mais um vislumbre do sorriso de Marianna.
“Limpou?” perguntou ele.
Marianna balançou a cabeça negativamente, pegou um papel e limpou delicadamente a boca dele. Olharam-se nos olhos e sorriram tentando adivinhar o que se passava na cabeça um do outro.
“Por que um número 9?” Lucca falou interrompendo o momento.
“O quê?”
“Seu colar, tem um número 9 nele.”
“Ahh, é uma bobagem, nada de muito interessante.”
“Adoro coisas pouco interessantes.” Disse ele sorrindo.
“Ok...” Marianna respirou fundo “O número 9 sempre me perseguiu. As melhores coisas da minha vida sempre acontecem ou no dia 9, ou às 9 horas, ou então 9 vezes. Tudo tem o número 9 no meio, a não ser, é claro, nas minhas notas que são sempre maiores do que isto.” Ela sorriu divertindo Lucca. “Fora que eu faço aniversário dia 9...” Marianna não sabia por que se sentia tão confortável contando coisas para ele. Lucca era um completo estranho e ela nunca contava nada a ninguém, nunca se abria a ninguém. Por que com Lucca era tão diferente?
“Em que mês é seu aniversário?” perguntou ele fazendo com que Marianna voltasse à realidade.
“Junho, nasci dia 9 de Junho às 9 horas e 19 minutos.” Ambos sorriram e ficaram em silêncio por um tempo, apenas tentando adivinhar, sozinhos, o que significavam um para o outro. Lucca sabia que gostava da fria estudante do 2º ano. Achava-a inteligente, seus olhos o intrigavam e, para ele, ela era incrivelmente linda.
Marianna não podia negar que ele tinha um efeito diferente nela. Com ele, ela não se sentia só como de costume, sentia que sua enorme solidão acabava inteiramente preenchida quando ele estava por perto. E então foi a vez dela de quebrar o silêncio:
“Por quê?”
“Por que o quê?” perguntou Lucca.
“Por que você veio falar comigo?”
“Marianna...”
“Lucca...” ela fitou-o profundamente.
Ele então respirou fundo e disse relutante “Apesar de tentar passar despercebida pelos corredores, eu não pude deixar de te notar. Todas as vezes que você passou por mim eu fiquei sem reação... E não foi só porque você é uma bela mulher Marianna, suas atitudes quietas me deixam curioso, me fazem querer te conhecer bem... E eu não sou o tipo de pessoa que gosta de outras pessoas, eu não costumo querer conhecer alguém como quero te conhecer. Eu fui te procurar porque eu simplesmente não conseguia mais te ignorar.”
Marianna congelou. Ela nunca tinha ouvido nada parecido de ninguém. Seu coração irracional deu pulos, pelo tom da voz de Lucca ela pode perceber que tudo aquilo era verdade. Inconscientemente levou suas mãos para cima da mesa e fez com que elas se encontrassem com as mãos geladas dele. Fechou os olhos por um instante e sentiu uma lágrima teimosa a rolar pela sua face.
Lucca sorriu aliviado. Não sabia o que esperar e julgou que um encontro de mãos e uma lágrima fossem boa coisa. Soltou uma de suas mãos das de Marianna e enxugou a lágrima que lhe caía pelo rosto. Voltou a mão para afagar gentilmente as mãos quentes de sua companhia.
Marianna abriu os olhos e encontrou um par de olhos negros tentando interpretá-la. Resolveu então dizer alguma coisa:
“Eu sei que esta é a minha hora de dizer algo... Mas a verdade é que eu não sei o que dizer...” ela disse sem graça apertando ainda mais as mãos de Lucca contra as suas.
“Você não precisa dizer nada Marianna.” Ele sorriu tentando acalmá-la.
“Obrigada...” ela o agradecia não só pela compreensão. Tentou dizer com os olhos o que não conseguia colocar em palavras e isto bastou para que ela e Lucca ficassem calados e imóveis tentando organizar os pensamentos.
Para ambos era bastante complicado apreciar a companhia de outro ser humano... Lucca tinha mais facilidade com o assunto, mas para Marianna era tudo novo demais. Ela já tinha estado com outras pessoas antes, mas era sempre por diversão momentânea. Ela nunca tinha realmente sentido que gostaria de estar o tempo inteiro com alguém ao seu lado e apenas a idéia de sentir isto por Lucca a apavorou.
Ele percebeu a mudança na expressão dela e disse calmamente “Já é hora de irmos, não é? Está tarde...”
Ela impressionou-se com a capacidade dele de acalmá-la, respirou fundo e afirmou com a cabeça, levantando-se em seguida da cadeira.
“Foi bom te conhecer...” Marianna sorriu tentando ser simpática virou as costas e saiu andando em direção ao seu carro.
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ps: Haaa a Mahh me irrita *-*
Peace, love and music, Kah *

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