segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eternos amantes

"O Sol e a Lua são eternos amantes, mas eles sofrem por nunca poderem se encontrar..."


Acordei, espreguiçando-me, deixo o leve tom alaranjado no ar, ainda está tudo escuro, mas pouco a pouco vou iluminando tudo, deixando tudo isso mais quente, mais caloroso. Vejo acordar tantos casais, que sorriem com minha benção, o dia passa, a tarde vem, vou ficando cansado de ficar ali, radiando para todos, está na hora de me deitar, preguiçoso, vou fugindo aos poucos, escondendo-me, escondendo-me, entrando de fininho no meu quarto, e da pequena fresta da porta, posso vê-la acordando...
Anda toda imponente, reinando agora os céus, não brilha como eu, mas tem um brilho peculiar, ela é a musa de todos casais, mesmo sendo tão tímida... Há dias que ela mostra apenas parte dela, à direita, à esquerda, a de baixo a de cima, não importa. Todas possuem uma perfeição invejável. Há ainda aqueles dias que ela se mostra inteira para mim, e...AH! Que ciúmes... Mostra-se inteira também para todos, que ficam a contemplá-la. Mas ela está chegando e eu indo, estou cansado, tenho que me deitar, mas certamente, irei sonhar com essa graciosa chamada Lua.
Ela dança a noite inteira, brincando de decorar o céu com estrelhinhas tímidas e depois ficam a brincar, a noite inteira, brincar de ver quem brilha mais! Ela vai ficando cansada, despedindo-se de cada estrelinha, indo ela se deitar por último, acordo e abro a porta de meu quarto, deixando aquele tímido tom de laranja fraco, e ela, como se tivesse um certo medo de mim, vai se deitar. Mas ouço seu riso, tímido, infantil. Ela fica ali na porta por algum tempo, me observando como eu faço. Ah! Queria eu poder tocá-la... poder amá-la.

Os dias e as noites passam e eu fico sempre a contemplá-la, olhando-a, jogando, e ela, como se brincasse de se esconder comigo, responde em risos infantis, fica ali, escondendo-se quando chego, aparecendo quando me vou, brincando de pique esconde, mal sabe ela que brinca de me seduzir. Uma mulher criança, uma criança mulher, tamanha graça e ternura, tamanha tortura...Vou ficando mais chateado, brilho mais fraco, mas logo a noite chega e me alegro, como se ela quisesse me dizer para não se preocupar, mostra-se mulher...Mostra-se toda para mim, brilhando como nunca, como se quisesse dizer para eu não me preocupar, que ela estava ali e como eu, sabe amar. Mas aquilo tortura-me, corrói-me, minhas entranhas ardem em tamanha dor de não poder tocá-la, apenas sonhar. Mas ela é cheia de surpresa, cheia de mistérios, como quem não quer nada, ela chegou de tarde, pôs-se a minha frente e me beijou. AH! Fui aos céus! Ela beijou-me, tocou-me, nos amamos, nos tocamos... Ela foi embora logo em seguida, com graça de menina, ainda era minha hora de ali ficar, ela, foi embora para mais tarde voltar. Foi o primeiro encontro, e assim espero-a, em cada eclipse, para amar, novamente amar e tocar.

By: Lucas Eiji (Fake Angel)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Anjo de vidro

"Dedico esse conto ao meu amor, Fernanda ou Neka, deixo nesse conto parte do meu carinho por ti, meu anjo de vidro."

Diante do espelho, um Deus, sem defeitos, sem erros, apenas conquistas. Eu era assim que me via diante daquele espelho em meu quarto. Tinha tudo, poder, dinheiro, casa, carros, realmente tudo, as pessoas me elogiavam, queriam ser como eu, na rua, andava de nariz empinado, não havia ninguém acima de mim. Amava me ver no espelho e me auto elogiar, me auto contemplar, afinal, não havia coisa mais linda e perfeita do que eu. Passava horas e horas me contemplando diante daquele espelho, ele ficava na parede oposto a janela, via algumas pessoas passando na rua, mas a mim, eram apenas vultos sem graça, sem cor e sem importância.
Até que um dia vi passar uma garota, um anjo! Notei-a apenas pelo breve instante que ela passou, os cabelos negros, a pele levemente morena, o andar gracioso. Parecia que ela passava por aquele espelho em câmera lenta, dando-me a graça de aprecia-la toda. Ela passou, virei meu rosto para trás e não a vi, esperaria até o dia seguinte, todo Deus tem seus anjos, e ela, seria a minha.
No outro dia ela passou, antes que fosse embora chamei-a, ela, foi até a mim, tentei encanta-la com minhas poses, com minhas conquistas e poder, ela os ignorou como se fossem nada. Fiquei nervoso, como ela poderia recusar um Deus?! Gritei, xinguei, obriguei, joguei sujo, e ela acabou ficando comigo. Agora tinha meu anjo, apenas não sabia que ela era de vidro...
O tempo foi passando sem que eu notasse, estava na atmosfera de festa e prazer, agora tinha ela, tinha tudo o que queria, mas dia a dia o brilho e a beleza dela diminuíam diante e meus olhos, estava perdendo a graça e o status de anjo que atribui anteriormente a ela. Ela não estava feliz comigo, mas não me importava ela só tinha que manter sua beleza, alguns dias depois, expulsei-a de casa, ela era uma qualquer, sem brilho, me enganou com algum tipo de encanto, que ela mesmo perdeu! Eu não tinha culpa nisso, era perfeito, era um Deus! E ela, uma plebéia que enganara um rei com um vestido bonito. Eu quebrei meu anjo de vidro...
Alguns dias depois vi uma garota passar pelo meu espelho, linda, magnífica, reluzente! Deus, que maravilha, um anjo! Como acontecera com a primeira, a imagem pareceu passar em câmera lenta, vi os cabelos negros, a pele levemente morena, o andar gracioso...Era meu antigo anjo! Estava de volta! Não entendi como, até ver passar atrás dela um plebeu, sem importância, sem cor, sem graça, mas ele parecia fazer a graça daquele anjo, um simples alguém, sem riquezas, sem graça nem cor. Mas ele colou o anjo de vidro, e com o maior cuidado cuida dela, a limpa, deixa-a em locais onde não há perigo dela cair, toma cuidado com ela... E foi esse simples ato de recolher os cacos, cuidar dela, que o fez não dono, mas o fez ser o único a poder contemplar a beleza, a ter a benção daquele anjo de vidro. Frágil, lindo, delicado...


By: Lucas Eiji (Fake Angel)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sem título, por enquanto. {Cap. 2}

Capítulo 2 - Eu sei...

"1, a resposta é 1." Disse ele sorrindo e tirando os olhos do papel para encontrar os olhos azuis da mulher ao seu lado.
"Oi?" Disse ela sem mover os olhos.
"A única solução possível pra este problema é 1."
Ela desgrudou os olhos do papel por um segundo e virou o rosto na direção do homem ao seu lado. Encarou-o por um tempo e disse incrédula. "Eu estou tentando resolver isso aqui a 2 dias, você nem pegou em um lápis, nem ao menos leu o problema inteiro e já sabe a solução? Impossível. Nem um gênio, o que eu APOSTO que você não é, conseguiria resolver tão rápido." Sua voz soou frígida como aquela noite de inverno e seu olhar congelaria qualquer um que a encarasse naquele momento, qualquer um menos ele...
"Não é preciso ser um gênio. Quer ver? Eu te mostro. Está vendo aqui nesta equação?" Ele pegou o lápis da mão de Marianna e circulou uma pequena conta. "Você só se esqueceu de incluir esta informação." Ele rabiscou um número no enunciado da questão e sorriu.
Marianna balançou a cabeça fechando o caderno com violência e tirando seu lápis da mão dele irritada. Encarou-o mais uma vez, virou as costas e pôs-se a andar de volta para sua sala. Surpreendeu-se ao vê-lo ao seu lado. 'Quanta petulância!' Pensou ela balançando a cabeça negativamente.
"Não precisa ficar brava, desculpa! Sei que não devia ter falado nada, mas não precisa ficar... Assim." Ele tentou acompanhar os passos apressados dela enquanto falava.
"Eu não estou brava e nem de jeito nenhum. Você já falou o que não devia, agora me deixa quieta." Marianna disse sem olhá-lo, aumentado ainda mais a velocidade de seus passos. O homem se sentiu levemente ofendido por suas palavras duras e levemente inclinado a fazer o que ela tinha dito, mas se o fizesse ela ganharia e ele, definitivamente, não deixaria.
"Você não sabe nem meu nome ainda, não seja mal educada Marianna."
Ouvir seu nome saindo da boca daquele homem fez com que ela parasse de repente. Não tinha certeza do motivo, mas ela parou e pela primeira vez olhou-o com curiosidade. Não quis admitir que gostou do que viu, ele era um homem bonito. Tinha olhos escuros que combinavam com seu cabelo igualmente preto. A barba mal feita dava ao seu rosto um ar maduro, mas ao mesmo tempo divertido. Ia sorrir, mas ao perceber o que faria fechou a cara e fitou-o séria.
"Eu NÃO sou mal educada e como é que você sabe o meu nome?"
"Eu tenho as minhas fontes, Marianna." Ele sorriu levemente ao dizer o nome dela mais uma vez e apreciou sua expressão ofendida ao ouvi-lo. "A propósito meu nome é Lucca, sei que você queria saber..." Ele sorriu de novo e se manteve olhando Marianna nos olhos.
"Eu não queria saber seu nome, o que queria saber é quais são suas fontes. Ninguém parece saber meu nome por aqui..." Marianna, ainda séria desviou o olhar para tentar fazê-lo não prestar atenção no que ela acabara de dizer.
"Bom, EU sei o seu nome."
"Certo."
"E EU sei que você é aluna do 2º ano de matemática e é a melhor aluna da sua turma, EU sei que você gosta de ficar sozinha, EU sei que você leu Hamlet semana passada, EU sei que você tem estes olhos frios e intimidantes, EU sei..."
Marianna ouviu-o dizer tudo aquilo sobre ela e se sentiu estranhamente especial, mas teve medo dele, afinal quem repararia nela tanto assim a não ser um maníaco? Todos sabiam que ela não gostava de ninguém.
"Ok Lucca, agora eu preciso ir. Tenho aula." Ela disse evitando-o.
"Eu também sei que seu professor de geometria analítica faltou hoje, assim como todos os outros professores, isso quer dizer que você tem o resto da noite livre." Lucca disse sorrindo procurando cruzar seu olhar com o de sua companhia.
"Você... hm..."
"O quê?
"Nada, eu tenho que ir."
"Marianna, por favor." Lucca tentou soar o mais urgente possível.
"O quê? Eu tenho que ir, de verdade... E você só pode ser algum tipo maníaco observador de pessoas que odeiam pessoas, o que te leva a pensar que eu me interessaria por você?" Ela foi rude de propósito e contra sua vontade, ainda fugia de seu olhar e por isso olhava para o chão.
"Eu nunca disse que você odeia pessoas e eu nunca disse que queria que você se interessasse por mim. Marianna, eu resolvi seu exercício, não mereço nem um chocolate quente em agradecimento?" Ele colocou a mão suavemente no queixo de Marianna e a fez levantar a rosto para olhá-lo. Ela sentiu aquele toque e estremeceu, levantou o rosto e olhou-o nos olhos por um instante antes de virar as costas e sair correndo.

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Nota: Odeio dar nome para as coisas, este capítulo foi complicado... Talvez eu encontre um nome melhor pra ele, aceito sugestões :P

Peace and love, Kah.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Cavaleiros, magos e realidade

Dedico esse livro a um amigo, um irmão, Pedro. Espero que isso o ajude.

"Que sou? O que sou? O que fui? Me sinto só, vazio..."

Tudo havia terminado assim? Não sei se fui eu ou ela, não sei quem foi, mas tudo acabou daquela forma. Meu coração? Sentia que ele estava despedaçado, em não sei quantos inúmeros pedaços. Estava tudo tão vazio, tudo sem sentido, eu parecia nada, parecia simplesmente um lixo. Não tinha mais muita coisa para fazer, não gostaria de fazer nada na verdade, mas uma coisa em especial me chamou atenção. A minha estante de velhos livros, meus livros de infância... Uma vontade quase incontrolável de lê-los me fez se sentar sobre eles e começar, a pegar um por um, ler um por um. Eram livros de contos de fadas, bobos para quem lê, cheio de cavaleiros, fadas, princesas e essas coisas.
Mas a mente é engraçada nas nossas horas de desespero, me imaginei como aqueles cavaleiros, cheio de coragem, destemidos, sempre conseguindo o que queriam no final, talvez se eu fosse como eles tudo isso não teria acontecido... Balancei a cabeça, talvez estivesse ficando louco, mas aquela idéia não parava de rondar minha cabeça.
Peguei outro livro, essa contava a história de um mago, sábio, sabia o que falar na hora certa, sabia o que fazer sempre, quem sabe se eu fosse assim...
Aquilo estava virando uma loucura, mas algo dizia que eu tinha que continuar, mais um livro, mais uma característica que gostaria de ter. Mais um livro, mais uma característica, mais um livro, mais uma característica....Arg! Estava ficando insuportável, aquilo só fazia eu me sentir mais lixo do que já parecia.
Sentei-me apoiando a cabeça na parede, um último gibi estava sobre a pilha “Batman e Robin”, estranho, sempre quis ser como Batman. Mas espera um pouco, Robin também não é como ele? Vi o livro debaixo: “O Rei Arthur”, destemido, grande líder, mas foi ele quem treinou Lancelot que acabou por se tornar o mais fiel escudeiro dele.
Então era isso, eu não podia ser um cavaleiro na vida real, não podia ser um mago, não podia ser o Rei Arthur, mas como Robin, Lancelot, eu era um aprendiz. Podia aprender a ter tudo aquilo, podia aprender, mas sempre como Robin e Lancelot fizeram: aprenderam o que puderam, mas não se tornaram cópias daqueles que os treinaram, aderiram o que aprenderam ao próprio estilo, tornando-se maiores do que seus mestres...
Então eu podia tornar-me maior do que eu mesmo, comparado a isso... A perda dela foi uma dor, mas também um passo para frente, para me abrir os olhos... Eu posso ser melhor!

by: Lucas Eiji (Fake Angel)

Sem título, por enquanto. {Prólogo e Cap.1}

Prólogo
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Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
(Florbela Espanca)
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Capítulo 1 - Silêncio, Solidão e Números


A solidão sempre fora apreciada por Marianna. As longas horas de silêncio por falta do que dizer não a incomodavam de forma alguma, ela vivia perfeitamente bem longe das pessoas. Não que estivesse sozinha o tempo todo, ia à locais públicos, tinha família, mas sua solidão aumentava proporcionalmente ao número de pessoas que estavam ao seu redor.
Diziam que seu problema era com as pessoas, diziam que Marianna não sabia conviver. Talvez tudo o que foi dito estava certo afinal, mas ela não se importava com ninguém, vivia bem consigo mesma, vivia bem com o seu silêncio.
Marianna era estudante naquela época, fazia Matemática em uma universidade de renome. Para ela os números eram tudo: simples, exatos. Números eram tudo o que ela esperava que as pessoas fossem: racionais, previsíveis. Sua rotina era sempre a mesma: trabalhava corrigindo provas pela manhã, estudava pela tarde e pela noite ia à faculdade. Era assim todos os dias e ela apreciava a exatidão de sua rotina tanto quanto a de uma divisão exata.
Era uma mulher fria, seus olhos azuis como o mar davam um ar misterioso ao seu olhar. Tinha cabelos de um loiro escuro, que caíam em sua face escondendo-a. Não eram compridos, batiam em seus ombros e eram o que Marianna mais apreciava em si mesma. Tinha a pele extremamente clara pela falta de sol e usava um pequeno colar com um número 9 no pescoço.
Era uma bela mulher, mas não atraía olhares interessados, Marianna fazia questão de passar despercebida. Mas foi completamente diferente com ele, a frieza dos olhos dela o fazia querer conhecê-la. O rosto de Marianna, mesmo que sempre escondido, despertava nele algo que não conseguia evitar e o aparente gosto pela solidão fazia-o cada vez mais interessado em saber o que se passava dentro da cabeça dela.
Em um dos intervalos da faculdade ele resolveu procurá-la. Andou pelo campus observando atentamente cada local, para que não a deixasse passar. E então avistou-a de longe sentada em um banco isolado, é claro, aparentemente escrevendo algo. Andou até a misteriosa mulher e sua freqüência cardíaca aumentava a cada passo que dava em direção a ela. Quando chegou perto do banco em que ela estava deu um passo barulhento na intenção de fazê-la olhar para ele, o que foi em vão, Marianna continuava a olhar para seu caderno e rabiscar números freneticamente. Ele então percebeu que não conseguiria chamar sua atenção a não ser que falasse alguma coisa, resolveu então sentar ao seu lado e ver o que tanto ela escrevia. Assim o fez, respirou profundamente e sentou-se calado.
Marianna percebeu alguém ao seu lado, mas as contas estavam muito mais interessantes do que qualquer ser humano insignificante que estivesse ali, impassiva continuou rabiscando números em seu caderno esperando que quem quer que fosse continuasse calado e imóvel. Atendendo as suas expectativas ele ficou ali observando atentamente os números que ela rabiscava e apagava, rabiscava e apagava.

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Nota: Tenho mais um capítulo para postar, mas não vou fazê-lo pra não desanimar ninguém... Espero que gostem.

Peace and love, Kah.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Pequena mas tão grande...

“ Meu nome? Quem se importa com meu nome... Minha profissão? Não tenho. Minha conta bancária? Nem ao menos sei o que é isso. Quantos anos tenho? Nenhum, apenas alguns dias. Pra que vivo? Vivo, por viver. Pergunta final: Qual o sentido do seu viver? Pergunto a você.”

Sou uma borboleta, sim uma borboleta e estou aqui para contar minha história, muitos podem querer dormir, jogar essas palavras foras gritando: E que graça tem a história de uma borboleta. São a essas pessoas, e as pessoas que não apreciam a minha beleza que conto a minha história. Pequena, que diferente dos homens que possuem anos para escrever, eu possuo apenas dias de vida. Pequena porque muitos não me notam nesse mundo tão grande de prédios, de casas, dos homens. Meu nascer não importa, não me lembro, começo quando saí do meu casulo.

Quando me dei por mim, já tinha asas, já voava! Que graça é voar, cansa um bocado, mas você pode ver tudo lá de cima. Voei por aí, saí voando vendo tudo, observando pouco, apenas aproveitando o prazer de voar, foi assim por um dia, no outro já me senti muito mais velha, e todo aquele prazer parecia ter sumido, tinha vontades de viver agora. Voei para uma tal de praia, sol, humanos, águas. Foi a primeira vez que vi o mar e a primeira vez que toquei em uma pessoa. Era um homem, não sei a idade (não sei o que é isso afinal), fiquei curiosa para saber como eram os humanos, me aproximando desse homem, soube que o nome dele era “papai” porque duas outras pessoinhas, parecidas com ele gritavam isso direto. Aproximei-me dele, tocando-lhe a face, parece que ele não gostou, mesmo não tendo me visto, apenas sentido-me começou a abanar a mão e eu com medo de ser atingida, fugi. Chateie-me com aquilo, então humanos não gostavam de mim? Mas ainda assim os achava curiosos e fiquei ali para observar um pouco mais.

Vi as duas pessoinhas correndo em direção a água, foi quando conheci o mar, que vastidão! Nunca tinha visto tanto água junto. Fiquei sobre aquelas duas pessoinhas, vendo como o mar movia-se, parecia-me tão violento, tanto que bateu sobre uma delas, a outra, começou a gritar o nome daquele homem “papai, papai!”, era o que ela gritava, olhei para o “papai”e ele não estava ouvindo! Estava conversando com um outro homem. A que gritava, começou a correr em direção ao “papai”, sempre gritando, mas ela ia demorar a chegar. Ora! ”Que falta de educação!” Indaguei comigo mesma e fui correndo querer tirar satisfações, decidida. Comecei e tocar-lhe a nunca, cutucando-o. Ela nada fez, apenas abanou a mão novamente, voei e escapei, mas não desisti, cutuquei-lhe o pescoço, o mesmo ato, a minha mesma esquiva perfeita. Mas aquilo tinha me deixado nervosa, não ouvia ninguém e ainda assim não me ouvia! Era demais! Cúmulo do cúmulo!! Cutuquei agora seu nariz, ele pareceu me avistar, abanou as mãos, sussurrando um “xô, xô”. Eu não tirei o pé dali, deu um pulinho e cutuquei ele novamente, ele nervoso tentou me agarrar, senti medo e saí correndo em direção aquelas duas pessoinhas, ele foi atrás e conseguiu me pegar antes de eu chegar perto das pessoinhas, me apertando entre suas mãos. Senti uma dor tremenda, não morri não, sou dura na queda! Mas senti que não conseguia mexer nada, ele, fitou-me vitorioso, mas quando levantou o olhar, fitou-me com um olhar de gratidão, não sei qual era o motivo daquilo tudo, mas deixou-me carinhosamente no chão e pôs-se a correr, em direção ao mar...
Eu havia salvo uma vida, perdi minha pequenina e curta vida, mas salvei uma vida grande, de um possível campeão. Esse campeão começou a ensinar para outras pessoinhas, quando, engraçado, essas pessoinhas o chamavam de “papai” que era importante, mas muito importante, prestar atenção e apreciar as pequenas coisas da vida.


By: Lucas Eiji (Fake Angel)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Roleta Russa

Era uma manhã qualquer, de um dia qualquer, acordava e ao meu lado, lá estava uma garota, seus loiros cabelos desarrumados espalhavam-se pela cama, como se abrissem na água, uma cena linda, somada a beleza de seu corpo nu, produzia uma visão divina a quem visse. Um dia perfeito, um dia qualquer perfeito. Levantei-me e pus-me a expulsa-la de minha casa, fora uma noite quente, mas apenas uma noite quente. Minha cabeça ainda doía um bocado, o excesso de bebida, as poucas horas de sono, a balada até mais tarde. Fui até a cozinha preparar meu café da manhã, mal pus os pés na mesma a campainha tocou.
Ao abrir a porta pude constatar quem era, e como pude! Seus cabelos morenos escorriam pelos ombros, tão sensuais! Os olhos verdes penetrantes como a luz das esmeraldas, o corpo esbelto e bem moldado, nem pude dizer oi, ela foi entrando, beijando-me, seduzindo-me e logo voltei onde começo esse conto, para o meu quarto.
Durou até a tarde, onde tratei de arrumar uma desculpa para fazê-la ir embora, agora estava em paz, poderia aproveitar a só o resto do meu dia. Novamente a campainha, atendi, agora era outra igual as suas antecedentes, igualmente bela, igualmente sedutora, igualmente fui parar na cama. Essa durou até a noite e logo me pus a despistá-la, a deixá-la. Fitei calmamente o relógio, passava das 8, já estava atrasado!
Coloquei-me a correr, trocar logo de roupa, sair correndo até o restaurante, ao chegar, ela não estava mais lá, havia ido embora, não a culpo, também, com mais de uma hora de atraso... Mas não era homem de desistir, fui até sua casa, toquei a campainha e nada, liguei e nada, o máximo que consegui foi fazer com que ela espiasse pela janela. Estranho, aquela sensação dela ter-me rejeitado me doía, será que eu a amava? Fui descobrir depois, no dia seguinte em que minha rotina de balada e mulheres se repetiu, ela fazia parte daquela rotina também, a conheci em uma balada, logo, fomos nos aproximando, logo fomos nos intimando, logo, fomos nos apaixonando.
E no fim da noite daquele outro dia, estava eu só, em minha cama, sorrindo frio para minha má sorte, havia girado o compartimento de balas inúmeras vezes, pensando que uma única bala não iria atingir meu coração, engano meu, na primeira puxada de gatilho, a bala saiu, feroz, atingindo em cheio meu coração. Agora estava ali, na companhia de muitas, sem ter mesmo quem eu queria, os compartimentos vazios estavam comigo, enquanto ainda tinha a bala incrustada em meu coração, pobre homem! Pobre vida! E é isso que dá, brincar de roleta russa...



By: Lucas Eiji (Fake Angel)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Vício

Ouço as portas baterem.
Sinto o cheiro da chuva.
Esse momento melancólico me faz querer refletir sobre a vida.
Por um breve espaço de tempo desvio minha mente do meu eterno alvo.
O momento passa...
E tudo que consigo é pensar nela.
O dia inteiro tentei me distrair, mais seu cheiro aguça a caça.
Ligo a tv a fim de me alienar, mais nada.
Enfim me entrego a tentação!

E era uma vez ...


...uma caixa de bombons!
Ana Carol