sábado, 21 de fevereiro de 2009

Reflexões sobre seu epitáfio

Escuto essa canção e lembro de você.
Já não consigo mais disfarçar e sinceramente não ligo mais para isso. Gosto mesmo de você e nem tente me contrariar.
Claro que achei que só seria mais uma história qualquer de "amor", mas a vida me surpreende, a vida não, você né!
Lembra da primeira vez que nos vimos?
Eu sozinha num canto do bar pensando na vida e de repente vem você senta ao meu lado (fingi que não vi), pediu uma bebida e se virou perguntando qual eu iria querer. Com a pior cara possível te ignorei, mas você insistiu e colocou na minha frente uma caipirinha. Começou falar de tudo! Eu que estava sem um mínimo de paciência tentava te ignorar novamente e o barman nos via com aquele olhar de toda noite, como se quisesse me falar, eu sei no vai dar isso. No que sempre dava! Eu ficava brava, me enchiam e ia embora.
Até que começou a tocar uma música e você parou de falar. Foi ai que te olhei direito; dava pra ver que não era como os outros, e numa fração de segundos pensei se iria valer à pena correr o risco de me envolver contigo.
Mal tinha acabado de organizar meus pensamentos e você me puxou pra dançar, dizendo que se eu não falava pelo menos dançasse sua música favorita e que depois nunca mais iria vê-lo, se eu quisesse.
Como uma dança muda tudo.
Não sei explicar, mas de repente me deu vontade de conversar e só deus sabe o quanto eu não sou disso, talvez tenha sido as bebidas, ou sua beleza, ou até mesmo aquele ambiente agradável.
Faz tanto tempo que nem lembro direito, só sei que sorri feliz e você sorriu de volta. E foi assim que tudo começou.
Noites e mais noites saindo, viramos namorados, acabamos, voltamos, brigamos e como no final das contas não dava pra ficar longe um do outro, fomos morar juntos.
E hoje de manhã você resolveu comprar uns pães.
Eu lhe disse que seria hoje seria um ótimo dia para largar tudo e ir à praia para comemorar nosso aniversário. Você todo animado adorou a idéia, falou que iríamos e que me amava. E foi comprar o tal pão.
Agora após um bom tempo recebo a ligação da emergência, me falam que você foi atropelado.
Meu coração dispara e corro pro hospital, só de te imaginar lágrimas caem.
Não quero falar sobre o que vi.
Você se foi.
E nada posso fazer. Meus dias se juntaram ao clima da cidade, cinzas.
O pior é ter que lidar com suas coisas, seu cheiro ainda em minha cama.
Juro que tentei viver. Mais prefiro viver com as lembranças do que a vida propriamente dita.
E como presente me junto a ti.

Um comentário:

  1. Tsc...E ainda dizem que sou um gênio. Devia escrever mais, com simples palavras, de fato conseguiu atiçar meus mais profundos sentimentos, fazer-me refletir sobre minha parceira e por fim, tirar-me lágrimas.

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