sábado, 3 de janeiro de 2009

O senão dos sonhos.

'Mas para quê servem os sonhos afinal?'
Perguntaram-me certa vez o motivo da existência dos sonhos... Eu não me julguei a pessoa adequada para responter a tal pergunta, anjos não sonham e até aonde eu sabia da minha história sempre havia sido um. Mas já que perguntaram à mim, resolvi responder de qualquer forma.
Parei por um instante e fiquei a olhar para a Terra, olhei para cada ser humano sonhador que lá existia. Surpreendí-me ao concluir que a grande maioria deles sonhava, mesmo que sem perceber que o faziam...
Tinham sonhos diferentes, alguns patéticos, outros impossíveis e outros bastante convincentes. Não consegui estabelecer um padrão entre estes sonhos, não consegui nem ao menos agrupá-los por temas. Esta história de sonhos e sonhadores era mesmo uma bagunça!
Mas no meio desta bagunça pude notar algumas características presentes em qualquer ser humano que sonhava. Entre todas as que notei, uma delas em particular me chamou a atenção: mesmo após infinitas tentativas vãs, mesmo após terem sentido a dor da desilusão, mesmo após verem seus sonhos passarem tão perto, mas nunca perto o bastante para serem realizados, mesmo depois de perderem as esperanças, todos, TODOS eles voltavam a sonhar. Mesmo que contra a sua vontade e razão, todos eles sonhavam novamente. Às vezes não o mesmo sonho, muitos eram deixados pelo caminho, mas o importante era que independente da desilusão que sofressem, os reais sonhadores eram incapazes de deixar de sonhar.
Ainda não tinha obtido a resposta exata para a pergunta que me tinha sido feita, nunca a obteria, a não ser que sonhasse e visse por mim mesmo, mas a conclusão na qual cheguei me bastou: os sonhos existem para que se aprenda a acreditar, mesmo na coisa mais absurda. Existem para que se aprenda a lutar, independente do resultado. Sonhos existem simplesmente para formar sonhadores e torná-los incapazes de desistir.
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Peace and love, Kah.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Os passos para o céu

Os dois se conheceram em uma pequena lojinha de artesanato, humilde, pouco movimentada, ele era um pouco mais velho, apenas alguns meses, cerca de dois ou três. Ela foi criada depois, ambos de madeira reluzente, pendurados em um canto pequeno da loja, canto só deles, um de frente para o outro.
Ela tinha traços sutis, o corpo bem moldado com volumes proporcionais, o rosto fino e igualmente delicado, como se tivesse sido talhado com extremo cuidado. Ele tinha traços mais fortes e revelava toda destreza de seu criador, não havia marcas dos meses que tinha a mais.
Logo que se viram, as marionetes simplesmente se apaixonaram, não tinham cores se não as da madeira em que foram talhados e do verniz, mas pela primeira vez sentiram-se preenchidos e cobertos por uma cor...A cor do amor, podia-se jurar até que um sorriso havia-se moldado em seus rostos.
Nada diziam, afinal não podiam, mas trocavam ferozes juras de amor, trocavam toques ternos, mesmo imóveis e outras coisas que só amor platônico pode explicar. E assim eles passavam os dias, um na frente do outro, jurando ter encontrado seu verdadeiro amor e para eles que não conheciam outras graças, aquilo bastava, estavam felizes juntos e dia a dia observavam coisas irem embora daquele armazém, sem se importar, estavam completos.
Uma certa noite, a Deusa Lua sentiu dó daquelas pobres marionetes, que exalavam amor, mas não conheciam seus prazeres, então resolveu concedê-los uma dádiva: Toda vez que ela, a Lua reinasse os céus, elas teriam vida, mas voltariam a ser simples marionetes quando o Sol reinasse. Concebida tal dádiva, explicou aos dois os termos, enquanto incrédulos, mexiam as articulações vendo que mexiam, ainda tinham a aparência de marionetes e nessa primeira noite, exploraram e descobriram o calor dos toques, exploraram o corpo um do outro sem pudor, na inocência de criança, terminaram descobrindo o sentimento do aconchego de um abraço e terminaram assim, abraçados vendo a lua pela janela, sussurram poucas palavras, sem jeito, pequenas palavras doces de amor. O Sol veio e voltaram a ser simples marionetes, novamente um à frente do outro, imóveis.
Novamente não podiam desfrutar dos toques quentes, mas estava talhado, mais na “alma” do que no corpo a intensidade de tais toques, na ansiedade para que a noite chegasse logo, naquelas horas que pareciam dias, a noite voltou.
Voltou também com ímpeto e ferocidade o amor, que os fez consumirem-se, experimentando o arder de uma paixão, dos corpos como um só, do êxtase que o doce bálsamo do amor proporciona, em uma noite intensa.
A manhã já ia chegar, os dois não sabiam se iriam “acordar” na noite seguinte, e assim viveram dia após dia, aproveitando tão intenso amor de noite, contando o tempo pela manhã na incerteza que se amariam de novo a noite. Até que a Deusa Lua se cansou daquilo e não os abençoou mais, nessa noite eles não despertaram, mas não choraram ou se entristeceram, sorriram um para o outro, pois viveram cada noite como se fosse a última, rodeados por essa dúvida se voltariam a viver, mas felizes por terem conhecido, mesmo que apenas uma vez, as graças do amor...

By: Lucas Eiji (Fake Angel)

ps: Dedico os sentimentos postos nesse conto a você Neka, dedico cada momento descrito aqui e aqueles que apenas nossos corações guardam a nós. Eu te amo.